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quarta-feira, 19 de março de 2014

O PM é só Ultímio nessa guerra

"Servindo o Estado
um PM bom.
Passa-fome metido
a Charles Bronson"

Racionais MC´s


"Os policiais não sabem
que praticam tiro ao alvo
diante dos seus espelhos"

Dinha 

O moçambicano Mia Couto, no livro Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra, traz à tona um personagem, por assim dizer, "desgarrado". Trata-se de Ultímio, o tio que foi embora da ilha e retornou político bem-sucedido. Enquanto pratica o seu "politiquês", tio Ultímio é execrado pela família que reconhece nele o arauto dos maus tempos vindouros, o afastamento dos seus, a falta de solidariedade e companheirismo.
Os policiais militares são como Tio Ultímio: um irmão cujos valores deturpados pelo sistema capitalista o colocou contra o seu próprio povo e, sistematicamente, tem posto o povo contra eles.
Para isso, criou-se uma guerra fictícia onde o Estado e seu braço armado (a polícia) e os "bandidos" (traficantes, em especial, diga-se de passagem) são os protagonistas.
Mas essa guerra, como dissemos, não é de verdade. A verdadeira guerra se manifesta através de um conflito entre classes e está sendo travada não nos morros e nas favelas, entre policiais e "bandidos", Ultímio e seus parentes, como tenta firmar a imprensa todos os dias. Ao contrário, ela é travada cotidianamente nas escolas, nos postos de saúde, nos ambientes de trabalho e lazer.
Ela é travada silenciosamente em todos os rincões onde homens e mulheres negras (pobres em geral) são física e  ideologicamente contidos nos ônibus lotados, nos barracos apertados, na perseguição em espaços públicos, notadamente os de consumo, nas educação de péssima qualidade, no precário sistema de saúde, no superencarceramento da nossa população.
E, nesse caso (e generalizando, é óbvio), os agentes dessa guerra são também os médicos, professores, grandes empresas e grandes veículos de comunicação, etc... O PM é só Ultímio...
Quando compreendermos as mentiras e as contradições desse sistema, ai então poderemos lutar com mais eficácia, não contra  o nosso povo, não contra bandidos (sejam eles de farda ou sem farda), mas contra os inimigos verdadeiros. Não gastaremos energia comemorando a morte de pessoas,  mas sim construindo uma via alternativa a esse sistema podre.

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