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PORQUE NÓIS NUM TÁ AQUI PRA SER LEGAL

terça-feira, 17 de setembro de 2024


 

Por Cristiane Sabino de Souza

Para Marx, a Guerra Civil nos Estados Unidos da América foi o “embate entre dois sistemas sociais: o sistema escravocrata e o sistema de trabalho livre”. Embora a questão da escravidão fosse o motivo da guerra, inicialmente a emancipação dos negros escravizados nem sequer era cogitada pelo lado “contrário à escravidão”. Diante disso, o filósofo alemão foi incansável em argumentar que o triunfo do trabalho livre dependia do combate revolucionário pela abolição da “mais perversa e despudorada forma de escravização do homem registrada nos anais da história”. Essa era a condição para que a guerra tivesse um sentido racional e não fosse apenas uma peleia política e constitucional; e, sobretudo, para que a classe trabalhadora livre pudesse dar um passo à frente na sua luta pela emancipação da exploração capitalista. “O trabalho de pele branca não pode se emancipar onde o trabalho de pele negra é marcado a ferro”, era o que afirmava Marx.

Para além de análises de uma conjuntura de rápidas mudanças, como é a da guerra, em A guerra civil dos Estados Unidos há elementos teóricos que se fazem atuais, pertinentes e necessários. No conjunto da obra, afluem temas como a complexa história da escravidão moderna e sua relação com o desenvolvimento capitalista; a conexão entre racismo e luta de classes; a luta da classe trabalhadora, seu caráter internacionalista e a exigência da emancipação humana na sua totalidade e diversidade.

Ressaltam-se o medular combate à mídia serviçal das classes dominantes, representada pelos maiores jornais ingleses da época; as ponderações sobre o direito internacional e as relações internacionais comandadas pelos países capitalistas desenvolvidos; além das minuciosas análises sobre a arte da guerra feitas por Engels. É vigente a denúncia do “humanismo farsesco” e seletivo, bem como do caráter colonialista das grandes potências e suas permanentes tentativas de subordinação dos territórios periféricos, como no caso da intervenção no México pela França, naquele mesmo contexto.

Esses são apenas alguns destaques de como os artigos, cartas e documentos que compõem o livro demonstram a perspectiva universalista da contribuição teórica e política desses dois grandes intelectuais da classe trabalhadora. Eis mais uma expressão do seu empenho em estudar com profundidade as particularidades históricas em desenvolvimento e o significado disso para a luta pela emancipação humana.

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