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quarta-feira, 7 de junho de 2017

Estreia de Karen Souza, nossa correspondente na Nigéria

Aprendendo a nadar com a mãe Vida

Depois de um longo, difícil e estressante dia de trabalho, a esposa chega em casa e desabafa sua frustração no colo do marido que, sem rodeios, lhe diz:
"A culpa é tua que as coisas tenham chegado a esse ponto. Teria sido muito melhor se você tivesse feito assim e assado, como eu te falei. Vai achando que eu vou passar a mão na sua cabeça."
Vida de gente adulta é dura.
Sem querer fazer drama (já fazendo), lembro-me das vezes que apanhei de outras crianças na rua e voltei pra casa aos berros, crente que receberia um colinho de mãe, um beijo pra sarar a ferida, e que logo em seguida a ouviria me perguntar: "Quem fez isso com você?"
Doce ilusão.
Levava uma bela bronca por não ter me defendido, e ainda a ameaça de apanhar também dela da próxima vez que voltasse chorando pra casa.
Vida de criança é dura.
Sem querer fazer drama (já fazendo), lembro-me também de um sonho. Todo mundo já teve esse sonho. Eu estou me afogando no mar, minha mãe está sentada na areia da praia e me olha com um sorriso na cara enquanto grita:
"Continua! Isso! Assim mesmo!"
Engulo água. Mamãe some e reaparece no meu campo de visão, enquanto luto com o mar tentando me manter na superfície. Penso que chegou minha hora.
"Isso, você está indo muito bem! Esta nadando filha!"
"Eu to morrendo mãe! Me salvaaaaaaa!" Eu grito sem ser ouvida. E ela lá na praia, sorrindo orgulhosa e indiferente ao meu sofrimento:
"Isso! Vai! Continuaaa!"
Essa vida tem mesmo um jeito estranho de ensinar seus filhos a nadar. Continua a zombar do meu desespero, e me olha orgulhosa, sentada à beira mar:
"Isso filha! Assim mesmo! Você está nadando!"

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