Maria Zé Povo dos
Santos
caminha no meio da
rua.
Vai compenetrada na
vida.
Ela pensa no gargalo
da garrafa da
cerveja
preta – doce -
que tomava quando
teve seu primeiro
filho. Morto nas
mãos da polícia.
A cerveja - era
lenda? -
enchia seu peito de
leite. O leite
enchia seu peito de
espera. Esperança
cavada nas covas do
rosto do filho
que sorria.
(Maria Zé
Povo dos Santos
todo dia acorda aos prantos
recolhe a angústia
em caixinhas
e a saudade em
álbuns
de fotografia)
Maria Zé Povo dos
Santos
caminha pela
avenida.
Vai ao ponto de
ônibus e na carga
dos seus ombros
organiza-se o dia.
Vai sozinha entre
tantas. Oprimida
entre o trabalho, o
transporte e a retina
capaz de enxergar
mentiras
a quilômetros.
Maria Zé Povo dos Santos
constrói países e
lidera
famílias.
É por isso que ela
anda
compenetrada na
vida.
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