Duas notas sobre
livros infantis para crianças pobres - leia-se negras
1. Faltam
personagens negras (isso é de conhecimento público). O que quero
apontar com esta nota é que, embora hajam excessões, as personagens
geralmente oscilam entre reprodução dos estereótipos raciais e a
uma pseudo-aceitação. É o caso, por exemplo, do belo livrinho O
mundo no black power de Tayó (Kiusam Oliveira). Tayó é uma
menina linda que vai à escola com seu black muito bem assumido...
será?
Porquê então Tayó
precisa gastar tanto tempo (seu e de sua mãe) enfeitando algo que
por si só deveria ser considerado bonito (seu black)? Será que as
meninas com cabelos lisos ou alisados, também precisam de tanto
cuidado?
2. Ainda hoje grande
parte das nossas escolas públicas da periferia louvam a Monteiro
Lobato como um ícone imprescindível da literatura infanto-juvenil.
Será que é porque o racismo dele é voltado para a população
menos valorizada e mais explorada do país? Será que se ele fosse um
nazista, antisemita declarado, ou seja, voltasse seu ódio e desprezo
racial para uma população branca, será que o manteríamos nas
nossas estantes? Porque será que encontro livros racistas (como os
de Lobato), mas não encontro nas mesmas estantes livros infantis
nazistas?
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