“a
religião é o ópio do povo, o coração de um mundo sem coração”
Karl
Marx
“Sou eticamente cristão e teoricamente marxista”
Chico
de Oliveira
O
pensamento doutrinário marxista é, por diversas vezes tratado como
religioso, pejorativamente chamado de “igrejinha”. Entretanto,
contraditoriamente, o cristianismo tem tanto em comum com o comunismo
pregado por Marx, quanto as igrejas atuais e os novos cristãos não
têm.
O
que é Cristo? Um pensamento ou uma pessoa? Um espírito ou a imagem
de um senhor de cabelos e barbas longas?
Errou
quem disse pessoa ou imagem de barbas e cabelos longos.
O
que chamamos de cristianismo é determinado tipo de pensamento que
segue numa direção coerente e deve ser reforçado por algumas
ações específicas. Por isso não basta dizer-se cristão ou
frequentar igrejas é preciso que o Cristão realize algumas ações
e despreze outras (guiados por essa “coerência cristã”). E por
mais que pareça difícil entender quais são as ações certas e
quais as erradas (qual seria essa coerêcia), a sugestão deixada por
Cristo de que nos amássemos uns aos outros explicita diretamente em
que direção devemos ir: é preciso que observemos como estamos
desenvolvendo o PERDÃO, a discussão da DESIGUALDADE SOCIAL e
PESSOAL, a CRÍTICA POLÍTICA aos donos do poder político/econômico
(cobradores de impostos) e a HIPOCRISIA (revelada quando Cristo pede
que atire a primeira pedra aquele que nunca errou).
Qualquer
pessoa séria que quiser discutir a vinda de Cristo à Terra deve
entender que ele veio pra realizar severas mudanças no pensamento
humano. E que o tipo de amor que ele pregava era diferente daquele
amor que as famílias guardavam para seus descendentes ou ascendentes
de mesmo sangue. O amor proposto por Cristo faria desaparecer as
classes sociais, as raças e as fronteiras. Seria o encontro do
gênero humano consigo mesmo, ou seja, um mundo eticamente cristão e
economicamente comunista.
Então,
pensando na possibilidade da união do gênero, podemos pensar que
Cristo veio para todos? A resposta é sim. Veio para todos: para os
pobres como bálsamo, para os ricos como exemplo. Ele não impediu
que estes também pudessem segui-lo e ouvir seus conselhos (desde
que se tornassem pobres). Sendo assim, podemos afirmar que Cristo
veio sim apenas para os pobres (bem aventurados os pobres, que Roma
transformou em: bem aventurados os pobres de espírito).
Agora
que já entendemos que Cristo na verdade é um pensamento que, foi
passado por meio de mensagens, parábolas e ensinamentos que sugerem
AMOR e JUSTIÇA SOCIAL, pode-se alertar a maior parte dos cristãos
de que eles não estão exercendo o pensamento cristão, mas
exatamente seu contrário, isto é, estão propagando um discurso
ANTICRISTO.
Como
falamos no início, Cristo veio para mudar radicalmente o pensamento
social. Por isso, se A/C os grandes líderes religiosos, como Davi e
Salomão, acreditavam e executavam a riqueza material como sendo uma
benção de Deus - o que supunha uma espécie de termômetro para
sabermos quando um sujeito era ou não amado por Ele e, por isso
possuiriam mantimentos, gado e até servos, com a chegada de Cristo é
visível que que esse pensamento muda.
Os
sujeitos apontados por Cristo como abençoados, passam a ser
abençoados espiritual e não materialmente. Mas os pregadores
atuais, num gesto de anticristianismo, insistem na teoria da
prosperidade, seus conselhos só vão até o lalo concreto do
materialismo, parecem até administradores de empresas ou médicos
(só falam de dinheiro e doença), por isso não pescam almas, pescam
pessoas. Na maior parte das vezes peixinhos financeiramente
desprovidos ou psiquicamente doente. Mas não lhe ensinam nada no
sentido de nos unirmos (comunismo) e vivermos apascentados como
Cristo pediu três vezes a Pedro (Pedro, tu me amas? Apascenta a
minha gente).
Sendo
assim, quando reconhecemos um cristão? Quando o vemos entrando ou
saindo de uma igreja (e pregando o olho por olho) ou quando, por meio
de seus atos, encontramos perdão, solidariedade e amor ao próximo?
Antes
de cristo o pensamento sobre o perdão de alguém que houvesse
cometido uma infração era visto como algo absurdo, a “multidão”
queria assistir em praça pública a crucificação de pessoas
(cristãos, inclusive).
No
velho testamento as famílias desenvolviam uma relação comercial
que não dava espaço para o amor (mostrada desde Cain e Abel). Por
isso, José foi vendido no egito e não são poucos os casos onde
familiares agiam sem amor: as filhas de Abraão, por exemplo,
aproveitando-se dele bêbado, dormiram com o pai, na intenção de
ficarem grávidas. Noé almaldiçoa o filho Cam, por que o viu nu e
riu dele – tem cabimento? – Davi manda um homem para morrer na
guerra, para poder ficar com a viúva.
Assim,
o comunismo tem tanta afinidade com o cristianismo primitivo, quanto
as igrejas moderna com o capitalismo e a teoria da prosperidade.
Os
primeiros vêem os pobres como seres humanos dignos. Os segundos
enxergam os ricos da mesma forma (quanto mais bens, mais abençados,
mais “de bem” seria a pessoa – e o inverso também é
verdadeiro).
Sendo
assim, o pensamento marxista deixa de ser “igrejinha”, pois estas
últimas estão em lua de mel com o capitalismo, neo-liberalismo,
meritocracia e criminalização da pobreza.
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