Assim, temos que superar este
sistema econômico se quisermos que o consumismo desapareça, pois este não se resume em usar Nike. Apesar de essa
marcar ser um ótimo ícone para batermos no capitalismo, tem consumista para
qualquer hora ou ocasião: tem o das roupas, o dos tênis, o dos livros, o dos
teatros, cinemas, saraus, o consumista das viagens, o que não usa nike, vai
trampá de bike, mas gosta de Paris e não morre sem ir a Machu Pichu. Tem o
consumista de "cultura" - na verdade de espetáculos (e este muitas
vezes é sensacionalista) -, o consumista de restaurantes, de acampamentos
selvagens, de música, de esporte, de tecnologia.
Algumas pessoas acreditam que o
sujeito que usa Nike e frequenta shopping é pura futilidade, e o mochileiro que
não bebe coca cola seria o extremo oposto (pensamento que, como muitos, promove
desunião na classe trabalhadora).
Nosso inimigo pode ser a Nike e a
Coca Cola, mas não pode ser o pobre que usa sapatos dessa marca e bebe
refrigerante. Em termos marxistas, não podemos simplesmente considerá-lo
“alienado”, pois todos somos alienados do resultado do nosso trabalho.
Então, nesse momento em que os
jovens pobres brasileiros insistem em realizar os famosos ROLEZINHOS, temos de
tratá-los como o que são, isto é, filhos da classe trabalhadora, filhos da
classe que gera valores, que constrói o país e o carrega nas costas sem ficar
com nada. Não podemos criminalizar os pobres por quererem os produtos
consumidos pelas classes média e rica, pois tudo pertence à classe trabalhadora.
Ou pelo menos deveria pertencer, uma vez que o resultado daquilo que produzimos
nos é roubado.
É tudo nosso, podemos quebrar ou
queimar, porque é tudo nosso.
Os rolezinhos nada mais são do que
mais uma expressão da luta de classes. Como disse Frantz Fanon, o colonizado
quer dormir na cama do colonizador. E é por isso que o rico não dorme
tranquilamente, sabe que o trabalhador e a trabalhadora, cedo ou tarde vão, com
bases teóricas ou não, tomar de volta aquilo que construíram, aquilo que é seu.
Acontece que quando nós, os trabalhadores e
trabalhadoras, tomarmos nas mãos o destino da produção, em um sistema
comunista, a Nike vai se tornar uma fábrica de calçados e estes voltarão a ter
valor de uso. As coisas terão essência
ao invés de aparência. Mas para isso temos que desbancar o rico do controle, e
isso pode começar sim com uma ameaça espontânea, como os rolezinhos, por
exemplo.
Assim, gostemos ou não,
frequentemos ou não os shoppings, temos que lembrar que eles foram construídos
e funcionam diariamente (inclusive sendo abastecidos) devido à exploração da
classe trabalhadora. Desse modo, deveríamos poder dar ao shopping e à cidade
como um todo o destino que desejarmos.
De nossa parte, o rumo que
queremos é o comunista. É pra isso que trabalhamos.
BAIXE GRÁTIS OS LIVROS DA ME PARIÓ REVOLUÇÃO
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