Carolina Maria de Jesus nasceu em 14 de Março
de 1914 em Sacramento, estado de Minas Gerais, cidade onde viveu sua
infância e adolescência. Faleceu em 13 de Fevereiro de 1977, com 62
anos de idade.
Moradora da extinta Favela do Canindé, Carolina não
apenas antecedeu – nos seus temas, linguagem e com sua própria
condição de mulher negra e pobre - a grande leva de escritores e
escritoras nas periferias brasileiras, como antecedeu também a
triste moda atual de valorização da pobreza. Seu primeiro livro,
escrito a partir de um diário, vendeu todos os dez mil exemplares da
tiragem inicial em apenas uma semana, e foi traduzido para outros 13
idiomas.
Carolina, apesar de não se mostrar muito solidária
aos seus vizinhos, companheiros de miséria, ela tem o respeito e a
solidariedade da parte leitora da periferia. É que – além de
conseguir uma escrita envolvente em seu singelo diário – os pobres
encontram nela a imagem das mães pretas (todas as mães negras cujos
filhos partiram), lutando para proteger e alimentar as crias, lutando
para garantir aos filhos e a si mesma um lugar digno, bonito, ao sol.
A esta solidariedade, alguns chamam de “consciência de classe”.
Seu “Quarto de despejo”, com seus milhares de
exemplares vendidos, é um exemplo óbvio do que Walter Benjamin
chamou de “transformação da miséria em objeto de fruição e
consumo”. Infelizmente, prosseguimos nos mesmos trilhos.
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