“Todas
as ong´s concordam que é melhor ensinar a pescar do que dar o peixe,
parecendo ignorar que, para quem está com fome, o importante mesmo é
comer o peixe.”
O
projeto neoliberal, no Brasil e no mundo, prega que os Estados devem
abominar o assistencialismo, não devendo ser arrimo dos pobres. Ou seja,
os Estados devem ser mínimos, no que toca à assistência social. Por
isso os recursos que deveriam ser destinados a suprir as necessidades
dos mais pobres e garantir-lhes a sobrevivência, são investidos em Ong´s
cuja missão é ensinar aos pobres como resolverem sua própria situação.
A
coisa acontece assim: A Ong recebe uma verba X do governo, ou de
investidores particulares, e tem de repassá-la aos necessitados que
atende. Mas o repasse não acontece de forma concreta, pois as
instituições raramente entregam ao seu público alvo os produtos básicos
para solução imediata de seus problemas também básicos. Isto é, ao invés
de repassar, por exemplo, a um sujeito responsável por uma família de
quatro pessoas, os mantimentos necessários para que sobrevivam por um
período e, paralelamente, lhes fornecer capacitação profissional e passe
livre para circular pela cidade, as ong´s costumam entregar somente a
capacitação. Esta última costuma ser composta de palestras e mini cursos
que, em geral, abordam conhecimentos que deveriam oferecer subsídios
para que o trabalhador se organizasse financeiramente, mas que se
mostram tão abstratos e ineficientes que mais parecem cursos de auto
ajuda.
Nem
todas as ong´s são ineficientes no que concerne à formação dos sujeitos
para “pescarem seu próprio peixe”, mas todas elas dizem, numa só voz,
que é melhor aplicar recursos na capacitação de empreendedores, uma vez
que sua simples distribuição faria com que as pessoas se tornassem
acomodadas, acostumadas a receber sem trabalhar, as tornaria “mimadas”.
Todas as ong´s concordam que é melhor ensinar a pescar do que dar o
peixe, parecendo ignorar que, para quem está com fome, o importante mesmo é comer o peixe.
É necessário que
percebamos de uma vez por todas que os verdadeiros mimados são os ricos,
pois são os verdadeiros pais e filhos do Estado burguês. São eles os
acostumados a receber e não a trabalhar, e as ong´s são neoliberais por
que aceitam e propagam o Estado mínimo – uma vez que o Estado “máximo”
seria assistencialista – daí as ong´s serem tão aceitas pelo poder
público e empresários (e, estes últimos, são os verdadeiramente
assistidos por políticas assistencialistas, políticas protecionistas,
pelo “Estado máximo”).
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