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sábado, 17 de fevereiro de 2018

RAP NACIONAL É COISA SÉRIA: O GANGSTA, O FEMININO E O LÚDICO

Entre trilhas sonoras dos guetos, Divas do Rap e Somos Nós a Justiça há uma longa história do rap sendo contada e redesenhada. Desde os anos 80, o ritmo e a poesia vêm servindo de base para o letramento e a visibilização da população negra, pobre e periférica. Pretendemos neste breve ensaio analisar os novos letramentos construídos a partir das outras cenas políticas e culturais do hip-hop atual. Nos palcos e nas vidas destacam-se o revolucionário verbo gangsta, o das vozes femininas e da ludicidade. Por traz da guerrilha urbana ideologicamente protagonizada, por traz da feminilidade em luta contra o feminicídio, e do humor sarcástico, a ironia vai corroendo as pedras e abrindo caminhos para a reexistência.






Das letras de rap ao letramento


Desde os anos 1980, o movimento Hip Hop vem se destacando enquanto espaço de letramento para jovens das periferias brasileiras. Tal afirmação, apesar de genérica, permanece válida ainda nos dias de hoje, quase quarenta anos depois dos primeiros grupos de rap’s e das primeiras posses (coletivos de Hip Hop) se formarem. Mais do que espaços de apreensão do mundo, tais coletivos figuravam como vias de resistência, de compreensão e desconstrução de um mundo onde o racismo, o machismo e a luta de classes moldam personalidades, impõem leituras de mundo, geram estereótipos e delimitam espaços de vida e de morte.


Segundo Souza (2011) letramento significa “capturar a complexidade social e histórica que envolve as práticas cotidianas de uso da linguagem” (SOUZA, 2011, p. 36). Para a autora, tais práticas apontam para a reinvenção dos usos sociais da oralidade, do verbal e do não verbal, dos movimentos dos corpos que provocam e deslocam as identidades étnico-raciais, de gênero, sexualidade, etárias e outras que nos são caras. Ela aponta ainda para a “necessidade” de embranquecimento dessa população:


Para ser leitor, dentro de um processo em que a palavra escrita é européia e responde às teorias racistas vigentes, é preciso embranquecer. As leituras de negros e mestiços, marcadamente influenciadas pela tradição oral desvalorizada, juntamente com seu corpo de descendência africana, não têm lugar, valor algum se comparadas aos valores da leitura e da escrita ensinados na escola, ou fora dela (SILVA, 2011, p. 40).


Sua afirmação vai ao encontro da tese fanoniana de que “ser uma pessoa negra não é realmente ser uma pessoa, pois “há uma zona de não-ser, (..) onde um autêntico ressurgimento pode acontecer (FANON, 2008, p.26)”. Dado que a qualidade de “ser humano” estava restrita à raças brancas, segundo as teorias racializantes tão bem propagadas a partir do século XIX (SCWARTZ, 1993), tal ressurgimento em terreno só pode ocorre com uma reconstrução de identidades.


Assim, de acordo com Fanon, em uma sociedade baseada na divisão de classe e raça, por mais que se esforce para provar sua pertença à espécie humana, a população negra, seu trabalho, sua visão de mundo, seus atos culturais serão vistos sempre como “de segunda classe”. Uma das maneiras que jovens negras e pobres encontraram para combater tal desumanização foi justamente o Hip Hop com seu potencial de letramento e reconstrução de existências.


Por sua vez, se visitarmos o velho mestre Paulo Freire (1988), relembraremos que o ato de ler significa “ler o mundo” atentando para suas contradições, para os papéis socialmente atribuídos, para o conceito marxiano de “opressores e oprimidos”. Nesse sentido os novos cenários e protagonistas do rap, têm colaborado veementemente na leitura desse mundo e, na linha de frente da velha batalha entre quem manda e quem tem juízo, empunham novas armas gangsta’s, feministas e irônicas.


Trilha Sonora do Gueto: Muita calma, playboyzada, não precisa se assustar


No ano de 1999, em plena era do genocídio negro, e ao final da “Era dos Extremos” (1995), surgia O Trilha Sonora do Gueto, ou simplesmente T$G. O grupo tem atualmente quatro álbuns e um DVD.


T$G faz parte de um sem número de grupos de rap nacional que iniciaram carreira entre os anos 1980 e 1990 e, além de terem marcado época, sobrevivem reinventando-se continuamente. Sua música mais tocada é, sem dúvida, “3a Opção”, cuja narrativa nos dá conta de uma cena de assalto a banco em que o protagonista, após ser encurralado, busca se proteger fazendo alguns reféns dentro do banco. Quando percebe, no entanto, que a morte é certa, o protagonista percebe que tem três opções: sair pela frente e ser linchado; sair pelos fundos e ser assassinado pela polícia; ou se matar. No entanto, em “fração de dois segundos”, tem a ideia de convocar o repórter televisivo Datena e sua equipe para fazer a transmissão ao vivo da “cena” e tentar evitar mais uma tragédia social. A estratégia funciona, mas o protagonista é preso:


Eu só vou me entregar
quando aquele sem futuro
do Datena me filmar.
To ligado que p’ceis
eu não valo um real,
mas se cêis invadir
o refém vai passar mal.
Ele tá todo borrado,
tá mijado, tá com medo.
Tá pagando até com juros
o racismo e o preconceito.

(T$G, 3a opção, 2003)

O protagonista dessa história, e que se mescla ao sujeito poético, é nada mais nada menos que o próprio vocalista do grupo: Cascão. Este, cumpriu pena de sete anos, após liberto formou-se em Direito e permanece cantando rap criminal.


Entretanto, passaram-se quase 20 anos e, nesse meio tempo, a situação das cadeias, dos presos e os códigos de ética vigentes nesses espaços e nas ruas mudaram radicalmente. Se naquela época havia uma enorme quantidade de homicidas presos e à solta, nos dias de hoje, na cidade de São Paulo, isso não é mais possível. Tal mudança ocorreu, basicamente, devido ao fenômeno “Primeiro Comando da Capital” (PCC) – que proibiu terminantemente as mortes nas periferias e cadeias, sem prévio julgamento da “corporação” (Mota, 2017).
O estilo gangsta do grupo, no entanto, permanece ativo e ainda mais contundente: faz a crítica do próprio hip hop:

No começo, tudo forte, tudo cheio de teoria
contra a droga, o sistema e toda a patifaria
Cadê o discurso Malcon X, Marthin Luther King, né?
Virou camarote com wisky e red bull
mulherada nas baladas, hoje nóis é só mais um.

(T$G, Rap é Poder, 2001)

E critica também aspectos da sociedade e do sistema carcerário:
Seu dinheiro dos impostos
que foi gasto por aqui
eles usam pra maldade
Deposita nesse GIR
(Grupo de Intervenção Rápida) na covardia
que não tira a toca ninja
pra viver no outro dia
Tudo robô do governo
que se pá nem vida tem
enquanto os grandes de Brasília
lá não liga pra ninguém
(T$G, W2 Proibida 2013)

Por fim, permanece com um estilo ainda mais desafiador, fazendo elogios ao PCC, afrimando que o “Partido”, como também é conhecida a organização dos presos, teria tomado o lugar que caberia ao Estado, no sentido de garantir os chamados direitos fundamentais de cada ser humano, previstos na nossa Carta Magna e na Declaração Universal dos Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário:

Ceis devia agradecer nóis do Pan da Capital
que deixamos todas vila e favela na moral
Já não morre mais ninguém
Nóis que fez acontecer
Essa música faz parte assim de um dossiê.
(T$G, W2 Proibida 2015)

Como se vê, há no gangsta rap do TSG uma preocupação social difícil de ser digerida por parecer paradoxal: narra-se o crime, mas a busca é pela paz. Tal paradoxo é recorrente em atos de resistência e, a julgar pela popularidade do grupo – mesmo fora dos meios oficiais de comunicação – depreende-se que ele é absolutamente representativo de uma população insatisfeita, oprimida e em busca de ícones, símbolos e fortalecimento. TSG, sem dúvida, atua nesse fortalecimento, propõe novas leituras de mundo e novas formas de existir e resistir.

“Respeita, tio, no bagulho, que as mina é organizada e veio fazer barulho”


Outras mudanças aconteceram desde que os primeiros grupos de rap começaram a subir nos pequenos palcos de madeira improvisada dos anos 80. As mulheres, por exemplo, tinham pouco espaço e figuravam na maioria dos grupos de rap apenas como back vocal.


Houve excessões, lógico: Dina Di, Sharylaine, Francis Negrão e Mara Onijá, por exemplo, desde sempre despontaram no rap como potentes vozes femininas cujas letras já impunham posicionamentos contrários ao machismo explícito nas letras de praticamente cem por cento dos grupos nacionais.


Hoje, diante de uma certa derrocada dos grandes nomes do rap – que agiram quase como o o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (“esqueçam tudo o que escrevi” ) - e partiram para o mundo das celebridades, cresceu a força feminina. Enquanto os novos artistas posam ao lado de Lucianos Huks, Angélicas, programas de domingo e casas de artistas decaídos, longe das telas televisivas, nas quase democráticas redes sociais, tomamos contato com novas e velhas vozes do hiphop, em sua versão feminina e feminista: As Divas do Hiphop, por exemplo, reúne importantes nomes como Cris do SNJ, Yzalú, Amanda Negrassim e o rapjazz de Tassia Reis.


Além disso, temos as mulheres que sempre estiveram por dentro do movimento e que resolveram ativar suas vozes nos microfones. Com maestria, elas contestam o machismo, o racismo e o superencarceramento da nossa população.


Destacamos aqui as Sankofas – grupo encabeçado por algumas das mulheres integrantes da Posse Força Ativa (Bia e Lilian): suas letras são um misto de ira e pedagogia. “Rap pedagogia das oprimidas”, como no trecho que segue:

Bateu o martelo a justiça que é pra poucos
no país que, pra falar verdade, é pra loucos
loucos por capital
loucos por funeral
loucos por violência
Isso é lavagem cerebral.
Mulheres encarceradas,
quantas prisões estão sendo forjadas?
Mulheres encarceradas,
para o Estado é só um número e mais nada.
(SANKOFAS, 2017)

Na mesma linha da pedagogia das oprimidas e da ira, devemos apontar também, dentre outros nomes, Sara Donato, Luana Hansen e Issa Paz: rap raivoso, gangsta para assustar qualquer pessoa que ouse desqualificar a luta feminista:

Ce adora as mina quieta
Eu só desejo que ce cale a boca
Empoderamento feminino não é sua escolha
Hipócrita pra caralho
quer falar mal da minha xota
(…) Cala a boca!
(…) Eu quero paz, mas MC escroto não falta…
(DONATO et al, 2017)

De igual pra igual, a partir do “terrorismo feminino” faz-se curvatura da vara leninista inclinar até o ponto mais distante:


Toca aí vai, deixa eu escutar essas merdas
É 24 horas no ar poluindo a terra
É tchu, tchatcha, tcherererê, vai se foder
Mas é isso que cês quer, tanto fez tanto faz
Vão cagando e andando e vocês seguindo atras
(...)
Quem é, se identifica, modifica sua visão
Sente a pureza que vem do coração
Da ibope falar de amor, mas eu não sou medidor de audiência
Canto rap pesado mesmo, só pra não perder a essência
(idem , 2017))


E no extremo da vara de minerva existem as críticas pesadas, internas ao movimentos que muito tem a avançar justamente por ser algo sério, pedagógico e libertador.



Rap nacional é coisa séria



As posturas justas e agressivas das mulheres que hoje continuam a inspirar outras mulheres e dão continuidade à história do Hip Hop demonstram o quanto de seriedade ainda há nesse movimento que, desde sua chegada ao Brasil, vem fortalecendo as identidades negras e a consciência de classe, mas que deixou e ainda deixa a desejar quanto às questões femininas.


Entretanto, o movimento é formado por uma grande maioria de pessoas inteligentes. Assim, a tendência a falar mal de mulheres, a inferiorizá-las, vem diminuindo consideravelmente.


Além disso, vale dizer, nem só de agressividade vive o rap. Temos também a crítica posta pela via da ironia, do humor e da brincância. O grupo Somos Nós a Justiça, por exemplo em seu primeiro álbum, homônimo, já trazia faixas recheadas de ironia, humor e dramatização para produzir obras que fossem pedagógicas e críticas. Na faixa 9, por exemplo, temos a música “Bem pra cima”:


Em cima do palco, vê se é educado (educado)
Ninguém pagou entrada aqui pra ser maltratado (maltratado)
Eu peço licença pras mina, eu peço licença pros cara
Na humildade estamos cantando aqui na sua área
Com um estoque de canções positivas, pra que todos nós um dia sejamos futuristas
O rap e suas letras, demonstram inteligência
(SNJ, Bem pra cima, 2001)



Como se vê, o grupo primeiro chama a atenção para a necessidade de respeitar o público que ali está e, em seguida, parte para a aula de como fazer um bom rap: um som crítico, que levante a autoestima do povo e que seja agradável aos ouvintes:



Já provamos pra todos que aqui não existe incompetência
O hip-hop unido, movido à revolução
Faço um som pra cima,
um bem bolado e vou cantando
A minha rima é tipo O positivo
E com isto, tem umas resistências no improviso,
pra mostrar que o hip-hop é coisa séria
Tá pensando que é fácil fazer sucesso,
rimar com coerência,
agradar vários adeptos ?
(SNJ, Bem pra cima, 2001)

Na sequência, em outra faixa do disco, verifica-se uma aula de história da atualidade que recupera aspectos cristalizados do que se ensina nos livros didáticos para contestá-lo, criticá-lo, sem desprezar o bom humor: ferramenta sagaz, sarcástica, corrosiva e moralizante (BOSI, 2012):

A espada de Cabral cortou a nossas raízes
E na escola não aprendemos nada disso
A professora não explicava nem o que era genocídio
Para com isso.
(...)
Pero Vaz, de correio, lhe enviamos esta carta
Leia com atenção
interprete com sabedoria
O maior investimento da casa da moeda:
através da leitura
tu adquires um conhecimento.

Um cara mui famoso intitulado herói do povo
que diz ter descoberto e se apossou do que era do outros
Saca só, fica ligeiro:
Nos dias de hoje é figurinha carimbada
No dinheiro de plástico .
(SNJ, Viajando na balada, 2001)

Se ouvirmos o ritmo da música veremos que há um contraste entre a seriedade dos temas tratados (genocídio, problemas da educação básica, letramento que se dá fora dos meios escolares, etc) e o ritmo dançante, os tons das vozes irônicas e humorísticas e as próprias escolhas lexicais, que sugerem informalidades, brincadeira (figurinha carimbada; dinheiro de plástico) e se somam às gírias (saca só; fica ligeiro).


Em 2012, o mesmo grupo lançou lançou o álbum “Origens”. Este, por sua vez, mantém o estilo do grupo e segue recuperando a história para compreender a fazer a crítica do presente. A música “Viajando na balada - parte II” faz uma rica atualização do que já vinha sendo criticado há quase 20 anos atrás:


A sociedade em rede gira
mundo, mundo gira
são vários flashes.
Muleque ranhento
cresceu agora
só fala em cash.
Nasdaq, Dow Jones
o mercado em aquecimento.
Bolsa sobe, bolsa cai
e o povo no esquecimento
(SNJ, Viajando na balada parte 2, 2012)


A crítica do SNJ vem em um momento em que, como dizíamos, alguns rappers se tornaram celebridades e, de certo modo, deixaram a juventude periférica órfã de lideranças políticas e culturais. Assim, todas as pessoas e grupos aqui citados (e também um sem número de não citados) ocupam o espaço vago deixado por esses “artistas”:
Na linha traçada de forma bem explícita pelo TSG, o grupo ainda expõe sucintamente sua opinião sobre a atualidade em um refrão crítico, desafiador e contagiante.

Bang bang bang ohohoh
Uns viajam na balada
outros tão louco na pista
Bang bang bang ohohoh
amotinados não mais de frente pra TV
no computador é o que se vê
Bang bang bang ohohoh
Prosperidade ao hip hop
vida longa aos fora da lei
Bang bang bang ohohoh
aos MC’s, Bboys, DJ’s e grafiteiros
um império que aumenta a cada dia no mundo inteiro
(idem, 2012)


Rap 10


Assim, embora analisados de forma breve, nesses anos 2010, percebe-se que o novo cenário do Hip Hop traz boas novas, no que tange à situação feminina dentro do movimento, no sentido de permanência de uma criticidade fundamental ao reforço das identidades negras, femininas e pobres, as quais ainda são cotidianamente pisoteadas por um sistema que elegeu exatamente esses grupos para inferiorizar e explorar.


Nesse sentido, esses novos cenários do movimento ainda são de suma importância no contexto do letramento do povo pobre e na manutenção de sua integridade, na abertura de caminhos de resistência e reesistência.


Referências Bibliográficas

BOSI, Alfredo O ser e o tempo da poesia. 7a edição. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.


___________. Literatura e resistência. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. 22 ed. São Paulo: Cortez, 1988.

HOBSBAWM, Eric J. Era dos extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

MOTA, Eduardo Guilherme de C.; MOTA, Maria Nilda de C. Das contradições do Capitalismo ou: Metralhadora de chocolate. São Paulo, Ed. Me Parió Revolução, 2017.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. O Espetáculo das Raças – cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.


Discografia

DONATO, Sara. Cypher "Machocídio" - Sara Donato, Luana Hansen, Souto MC, Issa Paz [HD]. Disponível em <https://youtu.be/GjbufgkfY0I>. Acesso em 29/11/2017.

SNJ. Viajando na balada. In.: Somos nós a Justiça. 2001. 1 CD

SNJ. Somos nós a justiça. In.: Somos nós a Justiça. 2001. 1 CD

SNJ. Viajando na Balada Parte 2. in.:Origens. 2012. 1 CD

T$G. 3a Opção. In: Us fracu num tem veiz. 2003 1 CD

T$G. Rap é poder. In: Du Lixu au Luxu, 2015. 1 CD

T$G. W2 Proibida. 2015. Disponível em <https://youtu.be/D9S72snUGO0>. Acesso em 29/11/2017.

SANKOFA. Mulheres encarceradas. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=8GvjrC4iaFE>. Acesso em 30/11/2017.






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