Mostra
sua cara,
se
apresenta, fariseu.
Falar
de nóis é fácil
quero
ver você ser eu.
TSG
Quando o palhaço do muro me olhou
já não havia motivo pra medo.
A casa estava fechada,
as costas estavam vidradas
havia diamantes de escolta
e as contas correntes no apoio
do desejo alheio.
Bati.
As madonnas fingiram não estar
e as sombras no andar de cima
me olhavam como se a roupa
mais farrapo que eu vestia
era apenas motivo de escárnio
balde de mijo gelado
e massa escura
(mal sabem…).
Foi quando eu virei pixadora:
O palhaço, as línguas de cobra e as mil e uma mulheres negras passaram
a ultrapassar os muros,
a pular por sobre os globos,
sob as bulas,
sob os calmantes.
As madonnas de novo
me olharam com nojo. Não.
Dessa vez havia além.
No escuro, vi meu sonho derramado
e o sertão voltou pra dentro
do meu centro
- estropiado unguento:
Papai, Vovô, Mãe Fulô,
o cangaço de herança e o espinho
ponteiro de mandacaru.
Nesse ínterim
choveu muito em São Paulo
mas no muro continuava o palhaço
e suas mil e uma noites
sem ilusão.
As madonnas e seus heróis recalcados
agora apenas olhavam
o muro e
choravam.
Apenas
apenas olhavam
o muro e
choravam.
Máscaras caídas,
choravam,
sem ter o que dizer.
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