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Há pelo menos seis anos paira a polêmica: devemos abrir mão da
literatura escrita por Monteiro Lobato, devido às inúmeras acusações de
ocorrência de racismo nas suas obras? Antes de responder a essa
pergunta, nós a devolvemos com a seguinte analogia: devemos entregar
facas nas mãos de crianças, deixar que se firam para, só depois,
impormos os necessários limites?
A resposta a ambas as perguntas é, obviamente, retórica, pois o racismo
tem o poder de ferir tão gravemente quanto qualquer arma “branca” e a
analogia nos ensina que não, não se deve deixar que as pessoas corram
risco de ferimentos graves à toa.
Para quem não sabe, Monteiro Lobato era o tipo marqueteiro, bolsonariano
e hitlerista: eugenista de primeira, ávido por curtir um país de
supremacia branca e mão de obra barata preta – desde que a miscigenação
fosse evitada, o sangue “ariano” se mantivesse “limpo” e a negrada em
seu devido “não-lugar” (as cadeias, os hospitais psiquiátricos, os
subempregos...), é lógico.
E como bom eugenista que foi, o dito escritor fez questão de usar sua
literatura (?!) para higienizar o país – ele sabia que as palavras
tinham força e que a ideologia do branqueamento era muito mais efetiva
quando atrelada à “arte”.
Seus defensores e defensoras, entretanto, insistem em dizer que ele foi
simplesmente um “sujeito do seu tempo”... e que, portanto, estaria
apenas reproduzindo em sua obra um racismo compartilhado por toda a
sociedade brasileira. Só que não. Quando algumas de suas cartas foram
enfim divulgadas, provou-se que o extermínio do povo negro, a limpeza
étnica, era parte importante de seu projeto “literário”. Provou-se
também que as expressões racistas empregadas nas Caçadas de Pedrinho, por exemplo, não eram simples reproduções de algo até então aceito, como querem nos
fazer crer, mas sim a execução de um plano de extermínio de toda uma população via imaginário popular.
Assim, em nome de um suposto valor literário (não entraremos nessa
seara, embora saibamos que a literatura, enquanto arte, tende a nos
aproximar do gênero humano e não o contrário, promover a cisão, como
fazem as obras desse escritor) e muito lucro editorial, ano após anos
são reeditadas e, pior, compradas com dinheiro público os livros de
Lobato.
Para piorar ainda mais a situação, diversas escolas públicas têm eleito
como patrono de suas Academias Estudantis de Letras – AEL's – o
famigerado escritor.
Ora, embora a história do nosso país faça com que a maioria de nós,
brasileiros e brasileiras, tenhamos verdadeira ojeriza à censura, há que
se garantir que as leis – sobretudo aquelas que dizem respeito à
preservação de direitos humanos, à Constituição Federal e ao Estatuto da
Criança e do adolescente sejam efetivamente cumpridas.
Desse modo, acreditamos que permitir a eleição de Monteiro Lobato como
patrono de nossas crianças (majoritariamente negras) seja reflexo não
apenas da falta de tratamento sério dado à questão racial nas escolas
(uma vez que nossas crianças são bastante sensíveis e inteligentes...
não o elegeriam se soubessem o quão racista ele era), como também é
expressão de um racismo institucional que viola todas essas leis acima
referidas, além de outras mais, como a
10639/03, por exemplo.
Assim sendo, exigimos o fim da violência racial institucional nas
escolas e a promoção de amplos debates envolvendo as comunidades
escolares como um todo sobre as questões étnico-raciais. Desse modo,
garante-se a manutenção da democracia ao passo em que se diminui as
possibilidades de perpetuação do racismo.
Por fim, repetimos: nossas crianças são sensíveis e inteligentes.
Quando devidamente informadas/formadas, não permitem o elogio a
genocidas, a racistas e algozes. Não permitem Monteiro Lobato como
patrono.
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