ou: Abraça...
Sobre as dificuldades da classe trabalhadora com a produção de textos longos
Tem dias em que o poema é um saco. O poema e a crônica.
Sacos de mal-dormir e ainda por cima sonhar. Sabe?
Aqueles dias em que a angústia é grande, o verbo é presente e a articulação está à toda prova?
Aqueles em que o conteúdo se apresenta óbvio, límpido e inteiro?
E a branquitude dessa teletela nunca mais nos intimida?
Nesses dias, justo nesses, é que nós não escrevemos. Porque aí a gente acorda e o mundo bate à porta, chama Dinha, Du, aparece, faz favor, agora.
Nesses dias as crianças estão mais amorosas, nos pulam nas costas e cantam o dia inteirinho cantigas com refrão.
Nesses dias os prazos se encerram e os trabalhos sem mais delongas precisam ser entregues.
Nesses dias as escolas se fecham por problemas estruturais e todas as reuniões se estendem além do horário.
E todas aquelas ideias que estavam prontas para tomarem a forma de longos romances, dissertações e teses. Viram crônica. Poema. Textos para este blog.
Em cinco minutos engasgamos as palavras e sonhamos.
Nesses dias, temos horror ao poema, às crônicas. À pouca palavra.
Porque a gente queria mesmo era ter tempo.
pra se dedicar ao texto.
para escrever a saga e ir pra Academia Brasileira de Letras................
Abraça...
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